Verão e Turismo andam de mãos dadas. As razões são óbvias: tempo e tempo.
Há um ano por esta altura revisitava Roma. Como arquiteto estava, é claro, interessado nos ícones arquitetónicos que sempre me marcaram na cidade (a Piazza Navona, o Campidoglio, a Piazza di Spagna). Serem ícones do urbanismo (e não edifícios) já é uma pista do que se sucederia.
Descubro sempre chegado, que aquilo de que tenho saudades em Roma não é isso: são os gelados, as refeições em esplanadas (discretas e indiscretas), os italianos na rua, os pequenos carros, as lambretas, os sons, as imagens, os cheiros.
No fundo, aquilo que define a experiência de Roma (e que é igualmente verdade em qualquer outra cidade com identidade) não são os monumentos mas as qualidades do quotidiano, as características do território e a cultura local.
Turismo e Arquitetura são temas relacionados (e em muitos aspetos, codependentes): desde a antiguidade templos, teatros, estádios, coliseus e outras construções públicas monumentais atraíam multidões e definiam a identidade de culturas e sociedades. A arquitetura era a expressão de um lugar, de um tempo e das suas gentes, e esses lugares, tempos e gentes sobrevivem no nosso imaginário sempre que visitamos qualquer cidade histórica.
Já há algum tempo que os temas da arquitetura, da cultura edificada e do design recebem atenção crescente por parte do público em geral. No entanto, embora a indústria do turismo invista recursos imensos em construção (muitas vezes sem grandes considerações arquitetónicas), o potencial turístico da arquitetura contemporânea só agora começa, timidamente, a ser capitalizado pela indústria.
Se até à década passada a base do turismo cultural e arquitetónico constituía-se no património histórico e nos monumentos, hoje a arquitetura moderna e contemporânea de qualidade começa a apresentar o mesmo poder de atração: é fácil pensar nos casos mais recentes do Dubai ou no fenómeno de Bilbao mas já era verdade para obras excecionais do modernismo -como a Ópera de Sidney, que acabou por representar não só a cidade mas todo o país (e por contribuir para a economia de Sidney com mais de 400 milhões de euros por ano provenientes de visitantes).
Os edifícios históricos são a assinatura de um contexto urbano, mas importa não esquecer que a expansão da oferta cultural construída de uma cidade ou região só pode ser feita pela arquitetura de hoje. O cuidado com a construção contemporânea conformará a paisagem, os ambientes vividos e a perceção que o turista tem daquilo que o rodeia.
No que diz respeito ao património arquitetónico, o contexto em que este se insere é tão importante como o objeto patrimonial em si. A arquitetura, no seu papel de capital turístico, deve ser elemento integral do planeamento das cidades, tanto nas considerações da conservação do património como nas questões da construção contemporânea.
A arquitetura (tanto a do passado como a de hoje) é estratégica para um desenvolvimento turístico sustentável: é a marca que define a identidade das cidades, dos países, das sociedades e das culturas. Viabilizar boa arquitetura promove não só o desenvolvimento económico e social mas é um produto em si mesmo, um símbolo com alcance global.