Enquadrado numa belíssima paisagem bucólica que se abre a sul, com a luz natural filtrada por uma cortina de castanheiros de grande porte, surge a Casa de Tebosa.

Informado pela íngreme paisagem granítica e pelas formas compactas e monolíticas da arquitectura vernacular minhota, este projecto de moradia unifamiliar, com embasamento em betão aparente associado a um revestimento em chapa sandwich, desenhou-se seguindo o fio condutor dos desejos e expectativas do cliente, que procurava uma experiência que o remetesse aos valores arquitectónicos da sua memória -de construções anteriores ao movimento moderno, de espaços generosos mas com detalhe, ritmo e escalas mais humanas- cruzando-os com uma forma de construir e uma imagem contemporâneas.

Simultaneamente desafiando e tirando partido da pendente natural do terreno, a construção sobe, procurando as melhores vistas e a luz de poente.

Somos apresentados ao interior da casa no momento da chegada: a antecâmara que nos recebe dá-nos uma percepção imediata -embora mediada pela caixa de escadas- do espaço social comum que constitui o coração da casa (reunindo sala e cozinha) e das vistas expansivas a sul. Este momento remete-nos para a organização das casas minhotas vernaculares, mais simples mas com uma experiência de habitar mais animada. Ao mesmo tempo, este amplo espaço é dotado de escala pela utilização do padrão repetido do mosaico hidráulico e pelo recurso a abobadilhas em arco no tecto, definindo ambos zonas específicas do espaço, de acordo com os seus usos.

Desenvolvendo-se no mesmo piso, o restante programa conforma-se de maneira mais convencional, com uma zona privada que, embora partilhando a mesma orientação, tem uma presença remota em relação ao espaço social.

Sobre este piso encontra-se uma sala multifuncional, flexível, que constitui um momento de excepção no uso da casa: tirando partido da sua cota mais elevada, busca uma orientação diferente do resto da casa, para a paisagem e para a luz de poente, constituindo uma surpresa no culminar da caixa de escadas.

No sentido inverso, descendo, temos acesso ao terreno: é por aqui que se faz a chegada por automóvel.

Emergindo do terreno de forma tectónica, este projecto mimetiza as erupções graníticas que o acompanham, cruzando ideias contemporâneas com influências vernaculares.