O Espigueiro-Pombal em destaque na revista Mobiliário em Notícia.
ESPIGUEIRO-POMBAL DO CRUZEIRO
The Dovecote-Granary
Um sereno retiro entre as copas das árvores foi o vencedor de bronze nos International Design Awards 2018. Situado em Ponte de Lima, a proposta da equipa Tiago do Vale Arquitetos liga-nos diretamente à natureza.
A peaceful retreat among the treetops was the bronze winner in the International Design Awards 2018. Placed in Ponte de Lima, Tiago do Vale Arquitetos project creates a bond with nature.
O Espigueiro-Pombal do Cruzeiro é um lugar de serenidade e de introspeção, de forte ligação com a natureza e connosco. Sem uma função convencional, o espaço -uma fusão de casa na árvore e refúgio contemplativo- é o seu próprio propósito.
As suas raízes são modestas, embora inesperadamente pragmáticas, criativas e sofisticadas no seu desenho e soluções: é uma pequena joia da arquitetura vernacular minhota. Construída originalmente no nal do século XIX, o seu ponto de partida foram dois espigueiros tradicionais sobre bases graníticas.
Uma cobertura comum reuniu-os, debaixo da qual se deu forma a um pombal. Finalmente, o espaço entre ambos os espigueiros usou-se para a secagem de cereais, com dois grandes painéis basculantes controlando a ventilação.
Este desenho notável resulta da combinação invulgar mas inteligente de três tipologias vernaculares bastante comuns (espigueiro, pombal, coberto de secagem) que fazem ainda parte do nosso imaginário coletivo. A sua execução, no entanto, não foi isenta de problemas.
Construído em madeira de carvalho, a estrutura foi subdimensionada para as necessidades da construção e, sem manutenção adequada durante grande parte da sua vida, a madeira rapidamente decaiu: embora mantida em pé por cabos de aço esticados a partir de árvores vizinhas era já irrecuperável.
A matriz deste projeto conformou-se numa reconstrução estrita a que se somou o requisito da intervenção mais ínfima que o tornasse utilizável, permitindo as ligações mínimas necessárias dentro e fora.
O Espigueiro-Pombal do Cruzeiro é agora um santuário entre as copas das árvores, uma forma icónica na paisagem rural minhota, e a experiência das sombras bruxuleantes das ramas, da brisa suave que o cruza e dos chilreares nos nais de tarde estivais define, por inteiro, o seu novo propósito, função e uso.
The Dovecote-Granary is a place of serenity and introspection, where one can establish a strong connection with both nature and oneself. Without a conventional function the space is its own purpose: a treehouse-temple of sorts.
Its roots are humble, though unexpectedly pragmatic, creative and sophisticated in their design and solutions: a precious little jewel of vernacular Minho architecture.
Originally built in the late XIX century, its starting point were two traditional northern Portugal maize granaries standing over granite bases. A common roof united them under which there was a dovecote. Finally, the space between the two granaries was used to dry cereals, with two huge tilting panels controlling the ventilation.
This incredible design was an unusual but smart combination of three very common vernacular typologies (granary, dovecote, drying shed) that are still part of our collective memory. The execution, unfortunately, was not without its problems.
Built out of oak wood, the structure was under-dimensioned for the demands of that construction and, receiving no proper maintenance through an important part of its life, the wood rapidly decayed: though still kept standing by steel cables stretched from the adjacent trees it was unsalvageable.
This project matrix was of a strict reconstruction with the added requirement of the most minute intervention to render it usable, enabling the minimal necessary connections inside and out. The Dovecote-Granary is now a sanctuary among the tree canopies, an iconic shape in the rural landscape of the Minho region, and the experience of the dancing leaf shadows, the gentle crossing breeze and the birds chirping in a late summer afternoon fully defines its new purpose, function and use.